O ano de 2023 foi marcado pelo crescimento da adulteração da gasolina e do etanol por um combustível altamente corrosivo, que traz sérios riscos à saúde humana e danos significativos aos veículos. O metanol, substância corrosiva usada para a fabricação de laminado de plástico, é capaz de gerar danos profundos ao motor do automóvel em apenas um abastecimento. De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a substância ficou comum entre as quadrilhas de fraude a combustíveis.
O painel do Programa de Monitoramento da Qualidade do Combustível da ANP, em 2023, mostra que em um universo de 477 amostras de combustíveis adulterados, 32 estavam “batizadas” com metanol, contra 14 no ano anterior (entre 365).
Diretor do Instituto Combustível Legal, entidade voltada ao combate de combustíveis adulterados, Carlo Faccio explica que, apesar de o número parecer pequeno, a análise do potencial contaminado nos últimos 12 meses em todo o Brasil é assustadora.
“Considerando que 121,7 bilhões de litros de combustível são consumidos por ano no Brasil e que, dentro do volume adulterado (3,5 bilhões), 2,7% está contaminado com metanol, temos um volume potencial de mais de 31 milhões de litros de etanol e gasolina misturados com uma substância que oferece alto risco para a saúde e para a mecânica dos veículos”, alerta
Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal, esclarece que o metanol chega legalmente ao Brasil para duas finalidades: para a fabricação de laminado de plástico e uma parte pequena é utilizada na produção de biodiesel.
“No entanto, como o litro de metanol é aproximadamente R$ 1 mais barato que o etanol, quadrilhas passaram a usá-lo para adulterar o combustível. A mistura pode causar um desgaste enorme no motor, com um custo de manutenção elevado, além de ser cancerígeno e causar até cegueira em quem tiver contato direto”, afirma.
Em muitos casos, o uso do combustível com metanol é identificado rapidamente, pois o motor começa a “engasgar”. Em outros, quando a porcentagem da mistura é menor, será percebido um desgaste prematuro algum tempo depois.
“A gasolina e o etanol batizados se tornam problemáticos para o bolso do consumidor. O carro perde a eficiência, em vez de fazer 10 km/l, vai fazer 5 km/l. Sem falar nos problemas mecânicos, há casos de motores novos fundidos devido a isso”, alerta Kapaz.
Fonte: UOL carros