AMIGOS, AMIGOS; ELEIÇÃO À PARTE!
Tempo de eleição e as diversas opiniões políticas entram em conflito e causam rompimentos de amizades e brigas de família, nas redes sociais, o posicionamento político dos usuários tem provocado discussões.
Itaí vive mais um período eleitoral e, neste ano, serão eleitos Prefeito e Vereadores ou vereadoras.
Aqui não temos escolha, por força do Código Eleitoral, todo itaiense de 18 a 70 anos são obrigados a votar, também os adolescentes à partir dos 16 anos podem votar e depois dos 70 anos… é opcional.
Não há muito segredo, de diversas maneiras a campanha eleitoral dos candidatos e partidos políticos chegam até os eleitores.
A campanha paga em diversas mídias, o Rádio e a TV exibem diariamente as propostas dos candidatos através da chamada Propaganda Eleitoral Gratuita, no boca a boca e entregando em mãos ou deixando nas caixas do Correios o famoso “santinho”.
O processo é simples, o eleitor é independente para pesquisar entre as propostas apresentadas e escolher a que mais se identifica.
O VOTO É LIVRE E SECRETO.
Seria simples, mas em tempos de redes sociais não é o que parece, a grande exposição na internet e a liberdade para publicação e interação que a rede proporciona têm transformado a campanha eleitoral em um verdadeiro ringue virtual.
Acontece que o espaço que o usuário teria para debater ideias e conhecer novas propostas virou lugar para ataques entre eleitores.
Aqui entra em cena o famoso discurso de ódio de pessoas intolerantes.
Num modo geral, os itaienses acreditam que três coisas não se discutem: Religião, Futebol e Política, mas…
Não entrando no mérito das outras duas, como um cidadão vai fazer uma escolha tão importante sem discutir política, analisando as propostas?
Defender partidos políticos ou candidatos afastam os eleitores do objetivo de traçar um futuro melhor para Itaí e o aproxima de um egoísmo que os aprisionam em uma verdade construída.
Não vejo a necessidade de declarar votos, mas é essencial conversar sobre as propostas que estão em pauta.
AMIGOS NA REDE.
As interações nas redes sociais são marcadas especialmente pela necessidade da curtida e do ter muitos seguidores.
Em resposta ao posicionamento político, o “descurtir” ou o “deixar de seguir” são algumas das ações mais comuns para evitar embates.
Até que ponto vale a pena abrir mão de amizades, mesmo que nas redes, por causa de posicionamento político?
Será que discutir, no sentido de dialogar sobre posições diferentes, em vez de “descurtir” não seria uma atitude mais inteligente?
Talvez o que falte nos eleitores itaienses, é a noção de que Itaí é muito mais do que direita e esquerda.
É preciso entender também que a diversidade de propostas em época de eleição é extremamente saudável para a democracia.
Mas, enfim, cada um sente o que sente, cada um luta pelas suas razões e em meio a tantas razões e tanto sentimento, começam os embates.
Opiniões divergentes, respostas ácidas, questionamentos, provocações.
Pessoas queridas nos frustram, pessoas às quais somos indiferentes mostram-se necessárias.
Arame farpado, rosas cheias de espinhos, e surge a polêmica pergunta: vai deixar que a amizade de vocês acabe por política?
Não, as amizades não acabam por política, amizade de verdade, com gente boa, não acaba por pensarmos igual, muito menos por pensarmos diferente, isso nunca.
Não se rompe amizade por causa do número da legenda partidária, nem por visões distintas da economia, nem por prioridades políticas diferentes.
O que pode acontecer é descobrirmos que certas pessoas simplesmente não são quem nós pensávamos que eram.
No momento em que nós descobrimos que pessoas que nos cercam utilizam argumentos racistas, a amizade realmente precisa acabar.
Quando fica claro que alguns amigos se orgulham do próprio machismo, é preciso deixá-los para trás.
Quando aquele velho conhecido do quarteirão revela seu discurso homofóbico de ódio, vá embora.
Quando a amiga da sua mãe disser que pobre não devia ter direito a voto, corte relações.
Piadas com violência sexual.
Ode à ditadura.
Incitação à violência.
Tratar animais melhor do que trata os empregados.
Novas versões do fascismo.
Xenofobia.
Nós não podemos relativizar essas coisas.
A gente precisa se posicionar, por mais dolorido que seja.
As amizades não acabam por causa de política, acabam porque a gente descobre que tem gente que era querida, mas que se revela nojenta, e quando elas se mostram assim, o afeto pega suas malas vai embora.
Porque o afeto não se engana, ele sabe que permanecer ao lado delas, conhecendo-as assim, seria uma nítida forma de compactuar com o ódio, a pequeneza e a miserabilidade dentro da qual residem as piores formas de segregação e violência.
As amizades não acabam por causa de política, acabam porque a discussão política muitas vezes revela a verdadeira cara de muita gente, e essas caras não são, nem nunca serão caras amigas.
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Imagens: Internet.