
Nesta quarta-feira (1º), Dia do Idoso, especialistas destacaram os cuidados necessários para animais idosos que vivem em zoológicos. No Zoológico Quinzinho de Barros, em Sorocaba (SP), um dos casos mais notáveis é o de Mel, uma mandril de mais de 40 anos que convive com diabetes.
Marino Nanzer, biólogo da unidade, explica que a expectativa de vida de um mandril na natureza é de cerca de 25 anos, mas Mel já superou essa marca. “Ela é diabética há cerca de 20 anos. Por conta dessa condição, sua alimentação é totalmente controlada por uma médica veterinária, e ela recebe duas doses de insulina diariamente. Em animais de alta periculosidade, como é o caso dela, o trabalho é sempre feito com contato protegido”, afirma.
Mel é treinada com comandos especiais que a tornam obediente, sem que isso cause estresse. “Se a veterinária dá um comando, ela fica de lado e permite a aplicação da injeção. Há outro comando para que ela se aproxime, permitindo a coleta de sangue para medir a glicemia. Porém, apesar do condicionamento, ela não aceita ser manipulada e pode reagir com agressividade”, acrescenta o biólogo.
Elefante Sandro: um ícone de 53 anos
O elefante Sandro, com 53 anos, é um dos animais mais famosos do Zoológico de Sorocaba. Conhecido por apelidos carinhosos como “Trombadinha”, “Gordão” e “Amigão”, o elefante asiático requer cuidados especiais devido à idade avançada.
“Sandro está aqui há 40 anos e já está na fase final de sua expectativa de vida. Por ser idoso, ele tem dificuldade para se alimentar e perdeu quase todos os dentes. Percebemos que estava perdendo peso e adaptamos sua alimentação, que é verificada quatro vezes ao dia”, explica Marino.
A dieta de Sandro é rica em nutrientes, incluindo capim, frutas e outros elementos essenciais para seu sistema digestivo. Além disso, ele faz caminhadas diárias para estimular o trânsito intestinal e prevenir cólicas. “Oferecemos um medicamento específico para cólica, que ele aceita bem. Isso tem sido eficiente, pois não tivemos mais casos”, completa o biólogo.
Sandro é alvo de uma disputa judicial entre o Ministério Público de São Paulo e a Prefeitura de Sorocaba sobre sua possível transferência para um santuário em Chapada dos Guimarães (MT).
Hipopótamos Yuri e Yara: cuidados com a saúde bucal
O casal de hipopótamos Yuri e Yara, ambos com 54 anos, também recebe atenção especial no zoológico. Enquanto Yara é mais tranquila, Yuri recentemente enfrentou problemas de saúde.
“Os hipopótamos precisam desgastar os dentes periodicamente. Yuri teve uma inflamação dentária em agosto e precisou passar por uma cirurgia para remover um incisivo e um canino. O procedimento contou com uma equipe multidisciplinar, incluindo anestesista e odontologista”, relata Marino.
Além dos cuidados dentários, o casal recebe acompanhamento digestivo e higienização constante do tanque onde vivem. “Esvaziamos o tanque semanalmente, esfregamos, desinfetamos com cloro e enxaguamos para garantir um ambiente limpo. Eles já tiveram 13 filhotes, mas agora são mantidos separados para descansarem”, explica o biólogo.
Zoológico de Itatiba: cuidados com animais idosos
A cerca de 130 quilômetros de Sorocaba, o Zoológico de Itatiba também abrigam animais idosos que recebem cuidados especiais. “Seu” Pedro, um marabú (espécie de cegonha africana), chegou ao zoológico na década de 1990 já adulto. Os elefantes Honey e Bambi, resgatados de um circo, têm entre 60 e 70 anos, superando a expectativa de vida da espécie. A girafa Ayana, com 19 anos, passou quase toda a vida no zoológico.
“Muitos animais idosos são mantidos sob nossos cuidados, mas o público nem sempre percebe, pois eles não demonstram sinais claros de envelhecimento como os humanos”, explica a veterinária Maria Fernanda Gondim. Ela destaca que esses momentos são usados para promover educação ambiental, compartilhando informações sobre a história e os cuidados individuais de cada animal.
Os animais idosos exigem acompanhamento constante, dietas adaptadas e recintos planejados para suas necessidades. “Os elefantes, por exemplo, recebem cuidados preventivos nos pés, semelhantes a uma pedicure, para garantir conforto e mobilidade”, acrescenta Maria Fernanda.
A veterinária também ressalta que zoológicos desempenham um papel crucial na conservação de espécies ameaçadas, oferecendo um ambiente seguro para animais que não sobreviveriam na natureza devido ao desmatamento, caça e perda de habitat. “Aqui, eles não apenas sobrevivem, mas prosperam, contribuindo para programas de reprodução e conservação”, finaliza.
Zoológicos: lares ideais?
A lei federal 7.173, sancionada em 1983, regulamenta o funcionamento de zoológicos no Brasil. Esses espaços devem garantir requisitos mínimos de habitabilidade, sanidade e segurança para cada espécie, além de atender às necessidades ecológicas.
Maria Fernanda Gondim, veterinária do Zoológico de Itatiba, defende que os zoológicos são centros de conservação e pesquisa. “Muitos animais atingem uma longevidade que dificilmente alcançariam na natureza. Nosso trabalho é garantir que eles vivam com qualidade e contribuam para a preservação de suas espécies”, afirma.
Fonte: G1 – Sorocaba e Jundiaí




