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Junho Estrelado

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Nem acreditei em tanta coincidência e fui conferir na Wiki: estava certo em minhas anotações. Junho, ao que tudo indica, é mesmo um berçário de estrelas! Três grandes nomes da Música Popular Brasileira e um da Internacional comemoram aniversário esta semana (escrevo na quarta-feira, dia 20). Quem serão eles (as)? Vejamos:

1- Celly Campello – a Rainha do Rock Nacional nos Anos 50 do século passado, pré – Wanderléa e Jovem Guarda nasceu em 18 de junho de 1944. Natural de Taubaté, SP, fez grande sucesso junto com o irmão, Tony Campello, também cantor. Celly cantava versões de sucessos norte-americanos, tipo “Estúpido Cupido” (Stupid Cupid) de Neil Sedaka ou italianos: “Banho de Lua” (Tintarella di Luna), de Mina, ambos de imenso retorno popular. “… Cupido …” fez tanto sucesso que anos depois de seu lançamento viraria até novela na Globo com o mesmo nome. Com sua imagem de garota bem-comportada, inocente e bobinha, que ela retrata bem na singela “ Eu Não Tenho Namorado”, em dupla com o irmão Tony, Celly chocou seus milhões de fãs e a classe artística quando abandonou tudo no auge do sucesso para casar-se com seu namorado de infância, um engenheiro da Petrobrás. Nunca mais se soube de Celly, até que o câncer a levou precocemente em 2003. Tem gente que até hoje a associa à Jovem Guarda, mas Celly veio bem antes e deixou marcas, com sua beleza, talento e musiquinhas bobinhas. Faz falta.

2- Maria Bethânia: Betha Bethânia faz aniversário no mesmo dia de Celly Campelo, 18 de junho, mas o ano de nascimento é 1946. Desceu da Bahia para substituir Nara Leão no show “Opinião”, dirigido por Augusto Boal no Teatro de Arena no Rio de Janeiro em 1964! onde cantava a mítica canção “Carcará”, aquela do pega – mata e come! Dos palcos Bethânia nunca mais saiu, para alegria e satisfação dos brasileiros de bom gosto que sempre a elegeram como A Melhor. Fez espetáculos teatral-musicais assombrosos (Drama, Rosa dos Ventos, Alibi), onde declamava Vinícius, Pessoa e Lispector, entremeando versos às canções. Imenso sucesso popular do Oiapoque ao Chuí, vendeu 1 milhão de cópias do vinil “As Canções Que Você Fez Pra Mim”, baseado em músicas do Roberto e cravou pérolas definitivas de nossa farta e abundante MPB: “Olhos nos Olhos” de Chico, “Grito de Alerta” de Gonzaguinha e “Ronda” de Paulo Vanzolini, entre outras. Agradou crianças e adultos em “Brincar de Viver” e consagrou-se no palco: sempre pé no chão, pulseiras nos pulsos e balãngãndãs no pescoço. O mano Caetano, em canção-título no exílio homenageando a irmã, disse que ela “vendeu sua alma ao Diabo mas que o Diabo devolveu a Deus”. Mas Bethânia não é nem de um nem do outro: é do Brasil, para nosso imenso orgulho.

3- Chico Buarque – Chico assopra velinhas em 19 de junho, ano de nascimento: 1944, agora um senhor de 80 anos com límpidos olhos azuis. Mas Chico já foi da resistência às fardas verde-oliva que vestiram a infame Ditadura Militar, apesar de você. Já jogou bosta na Geni para denunciar a hipocrisia da nossa sociedade machista. Cantou que na avenida vai passar todo tipo de aberração durante o carnaval e que tristeza é arrumar o quarto do filho que já morreu. Nomeou para a posteridade Carolinas, Lígias, Anas, Bárbaras e Therezinhas, alertando ainda que toda construção é um lugar perigoso para pobres e que tem pedreiro esperando um trem que não chega nunca. Chico das massas e da esquerda, mesmo morando em mansão na Barra e tomando uísque escocês de 150 anos de idade. Incongruências (ou irrelevâncias) comum a todo humano que alçou-se (por talento próprio) às alturas dos Deuses. As milícias atuais pegaram-no para Cristo e taxaram-no de misógino pelas letras de “Com açúcar, com afeto” e “Mulheres de Atenas”, alheias ao fato de que Arte com A maiúsculo não suporta mimimi! Grande Chico! Não bastasse tudo isso, ainda escreve: ganhou três prêmios Jabuti por seus romances e o prêmio Camões, o maior galardão outorgado a um escritor da Língua Portuguesa. Para coroar tudo, ainda escreveu “A Banda”, peça lírica que começa azul e termina cinza, como os anos de Chico (chumbo) em sua juventude. Da roda-viva ao rei-da-vela passando por Calabar sempre o maior entre os maiores, Noel, Vinícius e Jobim que me perdoem.

4- Paul McCartney: o mais simpático dos Beatles também faz aniversário em junho: ora ora ora vejam só: dia 18 também, junto com Celly e Bethânia! O ano de nascimento é 1942. “Sir” por graças da rainha da Inglaterra, era menino do subúrbio operário em Liverpool quando juntou-se a John e George para formar a banda mais famosa do mundo. Ringo veio depois. A grife “Lennon&McCartney” é a mais famosa do planeta no que toca à música pop, nunca superada por nada que veio depois (muito menos antes). Na dupla, Paul era o baladeiro e John o roqueiro. George compunha pouco, e quando o fazia só produzia obras-primas. Bem, Paul compôs “Yesterday”, a música mais gravada no mundo até hoje, com mais de 1600 versões diferentes. Reza a lenda que sonhou com a música prontinha, levantou da cama e escreveu tudo na pauta, só a melodia. Os versos viriam depois. O Beatle resolveu, de início, que iria chamar “Yesterday” de “Crumbled Eggs”, ou seja, “Ovos Mexidos”. Ainda bem que não o fez. Depois da dissolução do quarteto em 1970 criou, junto com sua esposa, Linda Eastman McCartney, a banda Wings, onde colecionou Discos de Ouro, um após o outro. Fez parceria com Michael Jackson em “Ebony and Ivory” e “The Girl is Mine”, homenageou a diva-cantora dos Mammas & Pappas na clássica “Michelle” e ainda deu-se ao luxo de escrever “She´s Leaving Home”, do Álbum Branco, a qual, de acordo com as más-línguas, deu início ao movimento hippie no mundo inteiro.

Sir Paul, inteiraço, ainda se sacode no palco numa boa e vive em turnê. Não precisa, já que é uma das cinco maiores fortunas do Reino Unido. Mas o faz em nome da Música, eu presumo. E para saciar seus milhões de fãs, órfãos dos Beatles, que ainda povoam esse mundinho.

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CARLINHOS BARREIROS:

É professor, jornalista e escritor. Atuou em Piraju nos jornais “Folha de Piraju”, “Observador” e “Jornal da Cidade”, sempre como cronista ou crítico de Cinema/Literatura. Publicou o livro de contos “Insânia: O Lado Escuro da Lua” (esgotado). Em 2006, foi o primeiro colocado no Concurso de Poesias, Contos e Crônicas da FAFIP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Piraju) com o conto “Sade no Sertão”.

Atualmente, revisa os originais de seu livro de contos ainda inédito, “Freak Show”. Mora em Piraju, onde contribui eventualmente com a imprensa local com crônicas/contos e escreve para os blogues “Língua de Trapo” e farolnoticias.com.br, ambos da cidade de Itaí.

Seu ensaio sobre a contracultura em Piraju nos Anos 60 e 70 do século passado: “Eu, Carlinhos Barreiros, drogado e prostituído” foi publicado com sucesso no blogue da USP (Universidade de São Paulo), do jornalista Luciano Maluly, ficando no top dos Mais Lidos por várias semanas.

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