Em turnê de reencontro, Forfun chega a São Paulo para maior show da história com surpresas aos fãs

Quando o Forfun subir no palco do Allianz Parque, em São Paulo, na noite desta sexta-feira (9), o grupo estará prestes a realizar o maior show da história de mais de 20 anos do quarteto carioca. Com ingressos esgotados, cerca de 45 mil pessoas são esperadas para a oitava data da turnê “Nós” – a primeira reunião da banda desde o encerramento das atividades em 2015. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan News, o tecladista e vocalista Vitor Isensee revelou a ansiedade. “A gente acha que está preparado, mas não sabe quando vai cair a ficha. É uma coisa de uma dimensão que nunca imaginamos”, conta o músico, que diz ter pedido conselho aos amigos da Nx Zero – que também se apresentou no mesmo estádio – e se inspirado nos atletas na Olimpíada de Paris para lidar com a pressão. “Sei que é o Allianz, mas vamos tocar como se fosse no Hangar 110”, brinca.

Na turnê de reencontro, o grupo apresenta um repertório diverso em mais de duas horas de show. Com Danilo Cutrim (guitarra e vocais), Rodrigo Costa (baixo e vocais) e Nicolas Christ (bateria), o Forfun passeia por todos os seus discos – são 33 músicas que vão desde a demo Das Pistas de Skate às Pistas de Dança até o último trabalho, “Nu”, de 2014. A exceção fica com o EP “Solto”, do ano anterior, sem faixas no setlist. Para São Paulo, porém, o grupo promete uma noite especial. Além de homenagens a artistas locais, os fãs podem esperar uma apresentação mais longa, acima de duas horas e meia, que também deve incluir participações especiais e a inclusão de músicas que ficaram de fora das outras cidades.

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“Essa noite merece algo diferente, é uma noite especial. Vamos ter [a presença de] dois artistas que representam muito na nossa carreira e na música do Brasil”, adianta Isensee, que também afirmou ter se surpreendido com a facilidade com a qual o repertório foi escolhido. “Uma das coisas que ajudou é que estamos querendo aproveitar esse momento, dispostos a ser flexíveis. Nessa turnê, nós estamos tocando aquilo que estávamos a fim de tocar, mas também o que o público está a fim de ouvir”.

Entre as adições mais pedidas do público em relação à turnê de despedida, em 2015, estão músicas dos primeiros trabalhos, durante a fase “hardcore” e “emo” dos cariocas. É o caso de faixas como Mentalmorfose, 4 A.M. e Seu Namorado É Um Bundão – ausências constantes mesmo antes do encerramento da banda. “Infelizmente, não dá para fazer um show de cinco ou seis horas. Você vai ter que cortar algumas coisas, mas fizemos um passeio bonito pela história”, comenta.

O público recorde, com mais de 40 mil pessoas aguardadas no Allianz Parque, também chama a atenção. Até então, os maiores shows da banda eram dentro de festivais, registrando cerca de 15 mil espectadores. Apesar dos nove anos de hiato, a audiência cresceu. Para Isensee, o aumento é “fruto do tempo”. “Para mim, não tem outra explicação. Foi orgânica, divulgamos pouquíssimos trabalhos do Forfun [durante a pausa]. É surpreendente a quantidade de pessoas que estão indo nos ver pela primeira vez e também de pais levando filhos”.

Outra característica que marca o fã do Forfun – bem como o próprio quarteto – é a pluralidade. Se os trabalhos iniciais tinham forte influência hardcore, os lançamentos posteriores passaram a contar com referências do reggae, rap e eletrônica. Agradar todos os nichos pode ser uma tarefa complicada, mas Vitor comemora a aceitação da audiência. “Tem uma intercessão muito grande. A gente faz uma ‘média aritmética’ no repertório para, se não agradar, contemplar a todos”.

Duas décadas de diversão

Formado no Rio de Janeiro no começo dos anos 2000, o Forfun construiu uma reputação nacional com apoio da internet e fãs devotos. Desde o início, a banda buscou auxílio da tecnologia para propagar os trabalhos: a primeira demo em 2003, os quatro discos oficiais e um EP. Em 2012, veio o primeiro DVD, Ao Vivo no Circo Voador, através do maior financiamento coletivo já feito no país até então, que arrecadou mais de 120 mil reais.

Com um verdadeiro caldeirão de ritmos e letras distintas, os cariocas se destacaram tanto no underground quanto no mainstream e somaram colaborações e parcerias com artistas renomados: Gustavo Black Alien (Planet Hemp), Liminha (Mutantes, Titãs) e Charlie Brown Jr são alguns dos exemplos. Mas após o anúncio do fim das atividades em 2015, a ideia de um reencontro parecia apenas um mero sonho dos fãs. Danilo, Nicolas e Vitor se juntaram para formar o Braza, enquanto Rodrigo lançou trabalhos com Carranca e Tivoli. O destino, porém, colocou os quatro juntos novamente para a turnê mais aguardada no Brasil em 2024.

“É muito louco ver toda uma vida passando. Você lembra de fases, momentos, pessoas. A turnê como um todo é algo muito profundo. A gente ouve do público que tal música ou tal disco marcou uma época da vida, e a gente sente isso também. Sentimos nas fotos, nos vídeos e até nos acordes”, diz o tecladista, que nos últimos anos também lançou o solo “Vida. E nada mais”.

Se o passado está bem escrito e consolidado, o futuro é mais incerto. A turnê ainda deve passar por Curitiba, Santos, Porto Alegre e Rio de Janeiro, com encerramento no estádio Nilton Santos em 23 de novembro. O grupo recebeu propostas para outros shows durante este período, mas já descartou aparições após a data na capital fluminense.

“O show no Rio é um gran finale, queremos que seja uma grande festa com participações para celebrar isso tudo. E esse show será o último, dali para frente não vai pintar nada. Recebemos proposta de tocar em um grande festival, mas era depois. Com dor no coração, a gente disse não. Depois dessa turnê, não vou dizer que nunca mais, mas não tem previsão de volta – e é bom que não tenha. Está sendo tão mágico graças ao tempo que ficou parado”, admite o músico, negando também a possibilidade de músicas inéditas.

Os portões do Allianz Parque abrem às 16h desta sexta, com o Forfun programado para subir no palco às 20h15. A abertura será das bandas Menores Atos, às 17h55, e Rancore, às 18h55.

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