
Os olhares curiosos se voltarão para o céu na noite deste sábado (23) para observar uma fase da Lua Nova conhecida popularmente como “Lua Negra”. O fenômeno é uma Lua Negra sazonal — a terceira de quatro fases possíveis dentro de uma mesma estação do ano —, como explica Rodrigo Raffa, professor de física e responsável pelo Centauri, clube de astronomia de Itapetininga (SP).
Esse é um evento raro, e Rodrigo Raffa explicou o motivo: normalmente, cada estação do ano tem apenas três Luas Novas. Quando, excepcionalmente, ocorre uma quarta, a terceira delas é chamada de Lua Negra. No hemisfério sul, a Lua Nova deste sábado (23) será a terceira do inverno de 2025, caracterizando o fenômeno.
O especialista explicou que o fenômeno é chamado de “Lua Negra” porque, durante a fase da Lua Nova, a face voltada para a Terra não recebe luz solar direta e, por isso, fica praticamente invisível a olho nu. Esse “desaparecimento” do céu noturno pode ter dado origem ao termo “negra”.
Segundo Raffa, o Clube Centauri consultou fontes oficiais sobre o tema e constatou que o termo “Lua Negra” tem sido alvo de sensacionalismo, muitas vezes associado a interpretações esotéricas. O responsável pelo clube de astronomia explicou que fenômenos astronômicos acabam inseridos em narrativas com forte apelo esotérico ou cercados por desinformação, o que pode ofuscar a riqueza científica envolvida. Segundo ele, é papel dos profissionais da área comunicar com responsabilidade, bem como oferecer informações claras e acessíveis, para que o público possa aprender e se encantar com o universo de forma consciente.
Durante o fenômeno, os observadores atentos poderão notar um leve brilho causado pela luz que a Terra reflete, conhecido como “brilho da Terra”. Porém, neste sábado, segundo Raffa, a observação será um desafio, já que no Brasil a janela para vê-lo será curta.
O professor relatou que esse é um fenômeno especial para todos, especialmente para os amantes da astronomia, pois a Lua Negra sazonal é pouco comum.
“Esses eventos têm um papel essencial em aproximar a sociedade da astronomia. Eles ajudam a transformar o céu em um palco acessível, onde todos podem se encantar com os mistérios do universo”, completou Rodrigo.
A atenção ao céu deve começar a partir das 17h45, logo após o pôr do Sol, olhando para o horizonte oeste. No entanto, o professor de física adiantou que será difícil observá-la devido à fraca magnitude desse evento. Para aumentar as chances de observar, ele compartilhou algumas dicas:
– Utilize aplicativos de simulação do céu, como Stellarium, SkySafari, Sky Map ou Star Walk;
– Se possível, conte com um binóculo ou telescópio pequeno, que pode ajudar a localizar a Lua na claridade do crepúsculo;
– Escolha um lugar com horizonte livre de prédios e montanhas na direção do pôr do sol.
O especialista reforçou que, ao contrário de eclipses ou superluas, a Lua Negra é um evento sutil e desafiador, e demanda paciência, atenção e curiosidade. Ele ainda orientou que os observadores devem preparar os aplicativos de observação, olhar para o horizonte oeste e tentar identificar esse raro fenômeno. Quem não conseguir ver claramente poderá aproveitar um dos céus mais escuros do mês, ideal para observar estrelas, planetas e a Via Láctea.
Os participantes do Clube Centauri vão aproveitar o céu escuro não apenas para tentar registrar o sutil brilho da Lua, mas também para observar outros eventos do firmamento no fim do inverno. Nesta época do ano, é possível ver o centro da nossa galáxia, localizado na constelação de Sagitário, uma região rica em estrelas, aglomerados e nebulosas.
O planeta Saturno também marca presença no céu a partir das 21h, no horizonte leste.
“Ver seus anéis, mesmo em um telescópio modesto, é uma experiência capaz de despertar um fascínio inesquecível”, comentou o especialista.
Fonte: G1 – Itapetininga e Região