Mortes pela PM de SP aumentaram 71% no 1º semestre em 2024, segundo ano da gestão Tarcísio

PMs durante a Operação Verão, no litoral paulsita, no início de 2024 — Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal

As mortes provocadas pela Polícia Militar do estado de São Paulo aumentaram 71% no 1º semestre de 2024, segundo ano da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), indicam dados do Ministério Público paulista.

Foram registradas 344 pessoas mortas por PMs entre janeiro e junho deste ano, contra 296 casos de Morte Decorrente de Intervenção Policial (MDIP, na sigla técnica) no mesmo período de 2023.

A alta ocorre, em especial, nos casos dos militares durante o serviço, com salto de 154 registros para 296. Os crimes com militares de folga variaram de 47 para 48 entre 2023 e 2024.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, gerida pelo ex-PM Guilherme Derrite, afirmou que para reduzir a letalidade, a pasta investe continuamente na capacitação dos oficiais, aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo e em políticas públicas (leia a nota completa abaixo).

As mortes cometidas por policiais civis diminuíram 33% no mesmo intervalo: de 21 para 14. Somadas, as duas polícias mataram, oficialmente, 358 pessoas no 1º semestre de 2024, alta de 61% em comparação com os 222 casos no mesmo período do ano passado.

Veja as mortes por município paulista no infográfico abaixo.

O período analisado em 2024 inclui a Operação Verão, ação policial na Baixada Santista em resposta aos assassinatos de três policiais militares. Entre 2 de fevereiro e 1º de abril, data quando foi encerrada, a operação registrou 56 pessoas mortas por policiais.

À época, a Defensoria Pública de SP e entidades questionaram a letalidade policial e pediram medidas da Organização das Nações Unidas (ONU). O governador Tarcísio respondeu “não tô nem aí”.

A Operação Verão impacta nos locais em que houve mais mortes, com três municípios da Baixada Santista entre os mais letais: Santos, em 2º lugar; São Vicente, em 3º e Guarujá, em 4º. Somadas, foram 86 mortes nestas cidades no 1º semestre.

Mortes como política de governo, avalia PM aposentado

Para o tenente-coronel aposentado da PM Adilson Paes de Souza, mestre em Direitos Humanos pela Universidade de São Paulo (USP), as mortes por policiais em alta refletem a “consolidação de uma política de governo” de mortes como indicador de efetividade policial.

“Cada vez mais você tem um discurso em que a consequência é uma atividade operacional que corrobora com a lógica de uma política com uma polícia letal. É a consagração da letalidade como política de governo”, afirma.

Segundo ele, essa lógica teve início na década de 1990 e sua consequência maior foi o Massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 pessoas presas foram mortas em uma rebelião na antiga Casa de Detenção, na Zona Norte da Capital Paulista.

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