
O Projeto Ateliê 11 oferece oficinas gratuitas de estamparia e empreendedorismo para mulheres cis e trans em situação de vulnerabilidade social em Lençóis Paulista (SP).
A iniciativa busca transformar talento em renda ao promover cultura, capacitação e geração de renda em regiões com pouco acesso a cultura e qualificação profissional.
Com foco no protagonismo feminino, o projeto já passou por cidades como Cerquilho (SP) e une arte, economia circular e práticas sustentáveis para incentivar a autonomia das participantes.
As atividades do projeto Ateliê 11 vão até o início de agosto em Lençóis Paulista (SP), depois de passarem por Cerquilho (SP). O público ainda pode se inscrever. O próximo destino é Nova Odessa (SP).
“São atividades terapêuticas, reduzindo o estresse. Tem se provado muito bom na minha rotina. Foi uma das razões que me motivaram a participar”, afirma a estudante Gabriely Caroline de Oliveira, 18 anos, de Lençóis Paulista, município próximo a Bauru (SP).
A estudante também destaca como positiva a experiência de tentar algo novo, podendo trabalhar com maior criatividade e liberdade. Gabriely conta que a oficina a ajudou a se expressar melhor por meio da arte.
“A oficina com certeza me deixou mais à vontade para usar a criatividade para ideias e projetos, além de despertar uma nova forma de me expressar. Não pretendo trabalhar com artesanato, mas isso traz benefícios na área em que quero atuar, que é arquitetura”, explica.
Gabriely conta que, na infância, fez aulas de pintura em tecido. Ela se identifica com o artesanato, principalmente costura, tricô e bordado, que envolvam colagens e pinturas. “Fico feliz de poder voltar a praticar uma forma de artesanato, já que não disponho de tempo suficiente”, afirma.
Outra participante, Michele de Maria, de 37 anos, lembra que teve seu primeiro contato com o artesanato ainda na infância, ajudando a avó costureira. Hoje ela trabalha com impressão 3D e vê o curso como uma oportunidade de agregar valor ao seu trabalho.
“Desde pequena eu ajudava minha avó a pegar alfinetes no chão. Hoje, mesmo trabalhando com tecnologia, ainda penso nos processos criativos. Essa parte da estamparia vem para somar”, diz.
Durante a passagem por Cerquilho, o projeto impactou as vidas de mulheres como a artesã Letícia dos Santos, que relatou a experiência como um divisor de águas. “Eu já fazia artesanato, mas hoje eu tenho identidade, tenho técnica, tenho algo que é só meu”, conta.
O projeto busca transformar talento em renda ao promover cultura e capacitação em regiões com pouco acesso a cultura e qualificação profissional. Com foco no protagonismo feminino, a iniciativa une arte, economia circular e práticas sustentáveis para incentivar a autonomia das participantes nos municípios por onde passa.
Segundo a coordenadora Ana Silvia Forgiarini, a ideia é criar novas possibilidades de sustento e expressão para mulheres que muitas vezes não têm acesso a políticas de formação continuada.
“Acreditamos na criatividade como força de transformação e caminho para a autonomia. Queremos que cada uma delas descubra novas formas de sustento, expressão e pertencimento por meio da criatividade e do empreendedorismo”, afirma.
As oficinas oferecem 25 vagas por cidade e abrangem conteúdos técnicos (como stencil, moldes, corte e pintura); artísticos (como economia criativa e referências visuais) e de gestão (com noções básicas de empreendedorismo).
As aulas também promovem o reaproveitamento de materiais descartados por meio do upcycling, uma prática sustentável que transforma resíduos em peças autorais.
Ao fim de cada edição, é feita uma exposição aberta ao público. Na mostra, as alunas podem apresentar suas criações.
Fonte: G1 – Bauru e Marília