Noites de terror

Imagens ilustrativas

Passeando pela internet, dou uma paradinha na página do Mojo Box Office, que traz as bilheterias dos filmes recentes (e dos antigos também). Como depois da pandemia a ida aos cinemas tornou-se artigo de luxo, Hollywood hoje pena para pagar suas contas. A Netflix nos ensinou que ninguém precisa de Angelina Jolie ou Keanu Reeves para ser feliz. Até agora filme nenhum bateu no 1 bilhão de dólares nas bilheterias. Ano passado, a essa altura do campeonato, “Barbie” e “Mario Bros.: o filme” já tinham ultrapassado essa marca, com “Openheimer” chegando perto.

Mas chega de velharias. Vamos aos filmes de terror, que custam barato (nunca mais de U$ 10 milhões por produção) e costumam render horrores. Sem nunca esquecer que o campeão, neste quesito, insuperável até hoje ainda é “IT”, baseado no best-seller de Stephen King e que rendeu, mundialmente, U$ 700 milhões redondinhos! Palhaço sortudo esse Pennywise! Mas vamos aos terrores mais badalados deste primeiro semestre, que até agora, renderam juntos, U$ 290 milhões!

1- “Mergulho Noturno” – a história da piscina assombrada faz bonito e rendeu, até ontem, U$ 54 milhões. Em casa de classe média alta, piscina vintage liga suas águas profundas a outras dimensões sombrias, repletas de coisas medonhas, fantasmas e outras abominações do Além. E não é que elas saem da água, já que a tal piscina tem uma historinha bem pouco recomendável, de abandono e assassinato?

2- “Primeira Profecia” – prequel do clássico “A Profecia”, de Richard Donner (1976), com Gregory Peck e Lee Remick: este ano o Cinema de Horror está cheio de referências à igreja católica. Padres e madres do Mal estão fazendo freirinhas virginais e inocentes suar frio. Aqui o Lado Negro da igreja quer recriar o Anti-Cristo, para trazer os fiéis de volta à fé católica! E não é que conseguem? Ao contrário de “O Bebê de Rosemary”, aqui, a cara da criancinha maldita é mostrada: até que é bonitinho o danado do Luciferzinho! Renda: U$ 53 milhões.

3- “Tarô: O Baralho do Mal” – bem bacana esse terrorzinho. Jovens desocupados alugam casa velha para curtir fim de semana, descobrem um baralho antigo e as cartas são postas, anunciando a sorte de cada um. Depois disso, começam a morrer, um a um, assassinados por personificações das figuras medonhas do Tarô, que criam vida aqui fora. Apesar da chupada no semi-clássico “Premonição” já deu U$ 42 milhões de renda até agora.

4- “Abigail” – dizem que “Abigail” foi rodado para render mais de U$ 100 milhões. Por enquanto, está nos 42. Será que chega lá? Deveria. Afinal, não é todo dia que uma bailarina-vampira de 12 anos suga o pescoço de suas vítimas ao som de “O Lago do Cisne”! Filminho arretado repleto de sangue, baixarias mil e muita violência, como todo bom filme de terror deve ser. Força, Abigail! A clã mundial dos vampiros torce para você chegar nos 100 milhões de bilheteria.

 

5- “Imaginary” (Imaginário) – esse abacaxi chato conseguiu o feito de render até agora U$ 39 milhões nas bilheterias mundiais. Ex-babá é assombrada por visões de sua infância e descobre uma rota para um mundo de sonhos alternativo, onde a razão de seus traumas vive: o bicho-papão, muito mal feito, por sinal. Quando ela consegue sair de lá, o monstrengo vem atrás. Que pena. Poderiam ter se consumido por lá mesmo e nos poupar  duas horas de aborrecimento.

6- “Imaculada” – Esperava-se mais desse terror bem feito com raízes fincadas no Lado Oculto da igreja católica. Aqui também tenta se recriar o Anti-Cristo, usando inocente freirinha boba como receptáculo do Filho do Diabo. Boas locações na Itália, elenco afiado e sustos na hora certa garantiram o retorno financeiro do filme até agora: modestos U$ 25 milhões. Final sinistro e bacana encerra com chave de ouro a produção: quando vê a cara do monstrinho que nasceu (nós, infelizmente, não vemos) a freirinha que teve seu corpo usado pelos Padres do Mal tem um ataque de raiva e parte para a violência explícita! Ploft! (interpretem como quiserem, não sou de dar spoiler).

7- “Estranhos – capítulo 1” – o melhor do ano, até agora. Rendeu U$ 35 milhões mas ainda pode ter uma bela arrancada pela frente. Remake do filme de 2008 com Liv Tyler (“O Senhor dos Anéis”) que já era remake do francês “Eles” (Ils) de 2006, o melhor de todos. Casal em férias pelo interior selvagem dos EUA fica preso em cidadezinha atrasada e precária. De noite, no chalé alugado, são visitados e atormentados por três psicopatas usando diferentes tipos de máscaras. Com muita sombra, ruídos estranhos e vultos entrevistos cria um clima de paranoia que passa aos espectadores aflitos. No final, fica bem mais sangrento que todos seus antecessores, nos deixando babando pela parte 2, que ninguém sabe quando virá.

Mas enquanto não vem, bons sustos e calafrios com as belezuras daí de cima!

CARLINHOS BARREIROS:

É professor, jornalista e escritor. Atuou em Piraju nos jornais “Folha de Piraju”, “Observador” e “Jornal da Cidade”, sempre como cronista ou crítico de Cinema/Literatura. Publicou o livro de contos “Insânia: O Lado Escuro da Lua” (esgotado). Em 2006, foi o primeiro colocado no Concurso de Poesias, Contos e Crônicas da FAFIP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Piraju) com o conto “Sade no Sertão”.

Atualmente, revisa os originais de seu livro de contos ainda inédito, “Freak Show”. Mora em Piraju, onde contribui eventualmente com a imprensa local com crônicas/contos e escreve para os blogues “Língua de Trapo” e farolnoticias.com.br, ambos da cidade de Itaí.

Seu ensaio sobre a contracultura em Piraju nos Anos 60 e 70 do século passado: “Eu, Carlinhos Barreiros, drogado e prostituído” foi publicado com sucesso no blogue da USP (Universidade de São Paulo), do jornalista Luciano Maluly, ficando no top dos Mais Lidos por várias semanas.

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