“Os organizadores assumiram o risco”, disse delegado sobre morte em festa universitária

O delegado responsável pela apuração do evento, Kléber Granja, disse em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã da Jovem Pan que os organizadores da festa estavam cientes da possibilidade de morte e se omitiram ao não se precaverem. A festa universitária aconteceu no último sábado (28) em Bauru, interior de São Paulo, onde um estudante morreu e outros três entraram em coma alcóolico depois de participarem de uma competição na qual venceria quem bebesse mais vodka.

Os dois organizadores do evento foram presos, mas lhes foi concedida liberdade provisória porque não possuem antecedentes criminais. Ambos, de 24 anos, são acusados de homicídio doloso com dolo eventual, isto é, que não tem intenção de matar.

De acordo com a polícia, o encontro reuniu mais de 2 mil pessoas e não possuía infraestrutura para arcar com as consequências da proposta: a festa possuía um edital onde estavam descritos os acontecimento do dia, entre eles a competição. Granja classificou o episódio como crime omissivo impróprio. “Os organizadores da festa assumem o risco através da venda dos ingressos. Eles deveriam ter assumido as cautelas, como o uso de ambulâncias”, explica.

O local dispunha de um veículo de resgate, no entanto, o delegado afirma que não estava preparado para atender em caso de emergência. “Eles contrataram uma empresa que faria o suporte logístico da ambulância, mas era uma pseudo-ambulância porque não tem as mínimas condições de suporte vital”, expôs. Além disso, a chácara onde foi realizado o evento estava em situação irregular. “Essa ausência desse organizador em trazer as mínimas condições de suporte no caso vital para os participantes, sem dúvida nenhuma, contribuiu diretamente pra a ocorrência do evento”, disse Kléber Granja ao se referir aos estudantes em estado grave no hospital.

Morte

Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, morreu depois de ingerir 25 doses de vodka durante a competição. Ele sofreu um infarto agudo do miocárdio. De acordo com o delegado, o quadro de saúde do rapaz já era conhecido, no entanto, os outros universitários que estão internados não possuíam antecedentes cardíacos. “A ingestão foi tão violenta que outros jovens que não possuíam esse quadro inicial de doença cardíaca estão internados ainda em estado grave em coma induzido”, analisou.

O evento reunia as moradias de estudantes da cidade de Bauru e os organizadores negam que tenha havido algum vínculo com a Unesp, instituição da qual os universitários faziam parte.

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