Os presos Anderson Struziatto dos Santos, 35, e Cleber Andrade de Oliveira, 45, acusados de integrar o PCC (Primeiro Comando da Capital), foram transferidos na noite de ontem (22) da Penitenciária 1 de Avaré (SP) para a Penitenciária Federal de Porto Velho.
Ambos deixaram a unidade de Avaré, foram levados para o CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém, na zona leste paulistana, e de lá seguiram algemados, acorrentados e escoltados até o aeroporto de Congonhas, na zona sul, onde embarcaram com destino a Rondônia.
Segundo a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária), Anderson e Cleber são acusados de integrar o “novo cangaço” – bando de assaltantes que sitiam cidades com emprego de explosivos para roubar agências bancárias.
A SAP havia solicitado a remoção de outros seis integrantes da quadrilha presos em Avaré e de outros 13 recolhidos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, temendo possíveis resgates, mas a Justiça de São Paulo indeferiu os pedidos.
Pena supera cem anos
Anderson Struziatto é condenado a 179 anos. De acordo com a SAP, ele é acusado pelo roubo de R$ 12,1 milhões da Prosegur, em Santos, em 4 de abril de 2016. E também pelo assalto de R$ 10 milhões do aeroporto de Blumenau (SC), em 14 de março de 2019.
Cléber tem condenação de 114 anos, 4 meses e 20 dias. A SAP o aponta como um dos autores do roubo de R$ 7,9 milhões em dinheiro e R$ 162 mil em cheques do carro-forte da Protege, em Araçatuba (SP), em 16 de outubro de 2017.
Remoções em meio o racha no PCC
As transferências de Anderson e Cleber acontecem em meio ao maior racha da história do PCC, envolvendo Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, chefão do PCC, e Roberto Soriano, o Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho.
Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Tiriça, Vida Loka e Andinho decidiram expulsar Marcola do PCC e ainda o juraram de morte. Em contrapartida, criminosos ligados a Marcola também anunciam a exclusão dos três da facção e ordenaram a morte deles.
O racha histórico entre os quatro presos, todos da cúpula do grupo e confinados na Penitenciária Federal de Brasília, teve início em junho de 2022, quando Marcola disse em uma conversa informal a um policial penal, quando estava na Penitenciária de Porto Velho, que Tiriça era psicopata.
O diálogo foi gravado, e o áudio acabou usado por promotores de Justiça no júri que condenou Tiriça a 31 anos e seis meses pelo assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo, da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), morta a tiros, em maio de 2017, na cidade paranaense de Cascavel.
Inconformado com a condenação e com o vazamento do áudio no tribunal, Tiriça chamou Marcola de delator. Vida Loka e Andinho, que chegaram a trocar socos no pátio do banho de sol da Penitenciária Federal de Brasília em meados do ano passado, ficaram do lado de Soriano.
No “salve” divulgado aos faccionados no último dia 15, a “sintonia final” do PCC explicou que o áudio do diálogo de Marcola com o agente penal foi analisado, e a conclusão é a de que foi apenas uma conversa de um criminoso com um policial e que o líder máximo do PCC não fez nada errado.
Nas ruas e no sistema prisional do estado de São Paulo, onde o PCC nasceu e se expandiu, a versão que prevaleceu foi a da “sintonia final”, inocentando Marcola da acusação de delator.
Na avaliação da “sintonia final”, Tiriça, Vida Loka e Andinho foram considerados culpados porque infringiram os artigos 6 e 9 do estatuto do PCC, que proíbem a calúnia e a traição. O documento diz que o preço para os faccionados que desrespeitam essas regras é a morte.
Fonte: Uol (Josmar Jozino)