Tensão na Câmara de Avaré; munícipes manifestam contra aumento de subsídios e pedem cassação de presidente

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Foto: Reprodução

 

Cerca de 50 munícipes compareceram à sessão extraordinária para manifestar indignação tanto contra o aumento de quase 80% nos subsídios dos vereadores, aprovado na semana passada, quanto contra o presidente da Casa de Leis, vereador Cabo Samuel Paes.

 

O grupo de manifestantes, que incluía o munícipe Vinicius Berna — retirado à força da sessão anterior —, segurava cartazes com a frase “Aqui quem manda, é o povo”. A mensagem foi um claro repúdio à declaração atribuída a Paes durante a confusão do dia 1º de dezembro, quando ele teria afirmado ser a autoridade máxima na Câmara.

 

A sessão extraordinária teve duração de apenas cerca de 10 minutos. Após o seu encerramento, os munícipes intensificaram o protesto, entoando o grito: “O Poder Emana do Povo”.

 

Os vereadores permaneceram sentados no plenário, acompanhando as cobranças. Alguns manifestantes dirigiram palavras exaltadas à Mesa Diretora e fizeram um pedido formal pela cassação do mandato do vereador Samuel Paes. A Polícia Militar esteve presente no local, mas não houve necessidade de intervenção.

 

O pano de fundo da mobilização popular é a aprovação, em discussão única na sessão de 1º de dezembro, de um projeto que reajusta os salários dos parlamentares.

 

De autoria da Mesa Diretora, o projeto elevou o subsídio dos vereadores de R$ 6,6 mil para R$ 11,8 mil, um aumento de quase 80%. O salário do presidente da Casa passará de R$ 7,6 mil para R$ 13,6 mil. Além do reajuste, foram aprovados o 13º salário e férias anuais com acréscimo de um terço. Os novos valores, no entanto, só entram em vigor na próxima legislatura, que vai de 2029 a 2032.

 

O projeto foi aprovado por oito votos favoráveis e quatro contrários.

 

Votaram a favor: Ana Paula Tibúrcio de Godoy (Republicanos), Everton Eduardo Machado (PL), Francisco Barreto de Monte Neto (PT), Hidalgo André de Freitas (PSD), Jairo Alves de Azevedo (Republicanos), Leonardo Pires Ripoli (Podemos), Moacir Lima (PSD) e Pedro Fusco (PL).

 

Votaram contra: Adalgisa Lopes Ward (Podemos), Luiz Cláudio da Costa (Podemos), Magno Greguer (Republicanos) e Maria Isabel Dadário (Podemos).

 

A aprovação do reajuste foi marcada pela confusão que resultou na retirada forçada do munícipe Vinicius Berna do plenário, após ele protestar contra o aumento.

 

VERSÃO DO MUNÍCIPE (Berna): Registrou Boletim de Ocorrência, alegando ter sido agredido por quatro pessoas, incluindo o presidente, sofrendo arranhões. Reconheceu ter se exaltado, mas negou agressão a funcionários.

 

VERSÃO DA CÂMARA: Afirmou que as câmeras de segurança registraram o caso e que a ação de servidores e do Presidente foi uma “imobilização legítima” diante da resistência e agressividade de Berna. As imagens foram entregues às autoridades.

 

VERSÃO DO PRESIDENTE (Cabo Samuel Paes): Justificou a atitude como necessária para “preservar a segurança”, alegando ter agido como policial para imobilizar e retirar o indivíduo após advertências.

 

O episódio motivou o protocolo de duas denúncias contra o presidente Cabo Samuel Paes na última sexta-feira (5).

 

A munícipe Julianne Oliveira protocolou um pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar na Câmara, usando as redes sociais para pressionar: “agora fica ao critério dos vereadores. Você está com o povo ou daqui três anos será demitido?”

 

Já Vinicius Berna protocolou uma denúncia no MP, apontando para a possível prática de Abuso de autoridade, Violência institucional e Cerceamento dos direitos fundamentais. Berna afirmou que a denúncia visa garantir que “a justiça fará o que de fato o seu próprio nome diz, justiça.”

 

A assessoria do vereador Cabo Samuel Paes ainda não se manifestou sobre as denúncias.

 

Fonte: A Voz do Vale

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